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Donas dos seus caminhos! Conheça três mulheres viajantes inspiradoras – parte 1

8 minutos para ler

Viajar sendo mulher pode ser um desafio, mas ele é encarado com vigor por essas três mulheres viajantes que são donas de seus caminhos e suas vidas

Viajar é uma delícia, não é mesmo?! Sentir o vento no rosto, assistir ao nascer ou pôr do sol em paisagens de tirar o fôlego… mas já imaginou o que é fazer tudo isso sem companhia sendo uma mulher?

A liberdade de ir e vir é um direito constitucional, mas a violência e o machismo fazem com que muitas mulheres não se sintam tão livres assim. De acordo com um estudo realizado pelo Booking (marketplace de hospedagens de hoteis), 43% das mulheres brasileiras nunca fez uma viagem em sua própria companhia. Já entre os homens, a taxa fica em 33%. Além disso, 65% das mulheres disseram se sentir mais confortáveis ao fazer passeios com outras mulheres.

É fácil visualizar essa estatística. Você já parou para pensar em quantas mulheres ao seu redor —  que têm condições financeiras para fazer passeios — já fizeram um roteiro turístico sozinhas? Muitas vezes esses roteiros não são feitos por falta de vontade, mas em outros casos, é por insegurança mesmo.

Felizmente, muitas mulheres encaram os desafios de serem mulheres viajantes, o fazem sozinhas e muitas, ainda, encorajam as outras.

O blog da Buser conversou com três mulheres para entender, afinal, o que é ser uma mulher que viaja no Brasil?

Quer saber mas sobre o assunto? Então continue a leitura.

Leia também: Jéssica e suas viagens de ônibus atrás de um crush argentino

Uma história de autoconhecimento e viagens

Bia Ribeiro é doutoranda em ciências sociais e mora em Mariana -MG. Ela é uma mulher que exercita, cotidianamente, o empoderamento e autoconhecimento. Nesse processo, as viagens solo foram fundamentais para que ela entendesse mais sobre si mesma e sobre o seu lugar no mundo.

Bia tibeiro submersa no mar em Boipeba em uma de suas viagenes
Viajar sozinha, para Bia, foi uma forma de redescoberta. A foto foi tirada em Boipeba (Foto: arquivo pessoal)

“Viajar para mim significa liberdade. Conforme fui viajando, fui descobrindo um gosto pela solidão que a viagem remete, mas de uma forma leve. É uma maneira de autodescobrimento, então, toda vez que eu viajo, quando retorno, me sinto mais forte e conectada a mim mesma. Me sinto apta a fazer o que eu quiser, sem depender de um homem ou de um grupo de pessoas”, conta.

A primeira viagem sozinha de Bia foi para o Rio de Janeiro, por um curto período. Depois, ela foi para Salvador e ficou na casa de amigos. Em seguida, foi o Uruguai, onde ela se dividiu entre um congresso e, depois, mais 15 dias de viagem sozinha pelo país. Por último, Bahia de novo, mas, dessa vez, para a ilha de Boipeba em Cairu. “Foi depois de uma fase de muita ansiedade e questões pessoais. Eu percebi que precisava ficar sozinha de novo. Escolhi o roteiro sozinha e organizei a viagem toda sozinha. Das viagens que fiz, essa foi a mais intensa. Fui absolutamente sozinha e voltei sozinha. Foi uma experiência maravilhosa e voltei convicta da importância de fazer viagens solo de tempos em tempos. A gente se conhece muito mais quando a gente se permite”, acrescenta.

E a [in]segurança?

Apesar de se sentir livre e empoderada, Beatriz não acredita que uma mulher viajando sozinha seja seguro. Na verdade, para ela, a insegurança está no dia a dia e na viagem não é diferente, infelizmente. 

“A gente não precisa viajar para viver os desafios femininos em relação ao entretenimento. Se a gente vai num bar, logo o garçom vai perguntar se são dois copos, se você está esperando alguém, ou um cara vai achar que você está alí porque está buscando uma relação. Quando a gente está viajando é a mesma coisa. A insegurança permeia a viagem inteira. Não consigo me sentir segura de fato. A gente aprende a lidar com isso e transpor esse medo, para que ele não te impeça de viver, fazer as coisas que você quer fazer, conhecer outras pessoas”, conclui.

A redescoberta de si mesmo, sozinha

Melani Guedes é dentista e criadora de conteúdo. Até os 30 anos ela nunca havia pensado nem em ficar sozinha, muito menos viajar sem companhia. Porém, suas amigas foram se casando, formando suas próprias famílias e ela foi se vendo cada vez mais só. “Confesso que me tornar essa mulher independente, morar sozinha ou viajar sozinha não foram, a princípio, minhas escolhas de vida, mas a vida acontecendo e me obrigando a me adaptar a ela”, declara.

melani guedes em sua viagem solo para o Havaí. Foto em frente a praia.
Melani Guedes em sua primeira grande viagem sozinha para o Havaí (Foto: arquivo pessoal)

Segundo a dentista, conscientemente ela foi exercitando sair da zona de conforto. Começou a fazer bate e volta de São José dos Campos (onde mora e trabalha) para Ubatuba com frequência. Depois, passou a se hospedar por poucos dias. O passo seguinte foi ir ao Rio de Janeiro ficar alguns dias. Até que veio a coragem de fazer o primeiro roteiro internacional. Tudo isso, segundo ela, foi para se autoconhecer e entender o motivo de se sentir tão sozinha.“Eu decidi fazer uma viagem para um lugar realmente longe, onde eu não conhecesse ninguém, sozinha, mas em que eu dominasse a língua. Decidi ir para o Havaí. Nos primeiros dias não queria nem sair do quarto, chorei, não foi um processo fácil”, conta.

Mas Melani superou o medo e, hoje, viver e viajar sozinha é um prazer. “ Eu faço tudo sozinha e moro sozinha porque gosto. Já é o contrário, sabe? Hoje eu não me vejo tão acompanhada por tanto tempo. Eu preciso de mim comigo mesma, muito mais do que de mim com outras pessoas”, acrescenta.

Depois do Havaí foram muitos outros roteiros e, hoje, ela ajuda outras mulheres que querem viajar sozinhas por meio de seu grupo no Facebook com mais de 130 mil mulheres e seu Instagram

Ah, pronto. Agora tenho que viajar sozinha para ser livre? 

Claro que não! Primeiro que ninguém tem que ser nada, né? A graça da vida é a gente poder ser o que quiser ser e ter a liberdade de escolha de fazer ou não. Para a advogada Eller Araújo, não há diversão em viajar para um lugar legal sem amigos para compartilhar. 

Eller araujo com suas amigas na praia em Florianópolis
Para Eller Araujo a graça de viajar é poder compartilhar os bons momentos com as aligas (Foto: arquivo pessoal)

“Eu sou um pouco tímida e gosto muito de estar em grupo. É importante para mim dividir os momentos, rir e sofrer junto (risos). Eu gosto bastante da minha companhia e curto ficar sozinha, mas não vejo uma viagem como uma situação para isso. É como diz aquela frase: ‘Eu, sozinha, ando bem, mas com você ando melhor’. Além disso, sou um pouco atrapalhada para me planejar e a grana é curta, ou seja, tudo tem que ser bem pensado antes da viagem – geralmente minhas amigas fazem isso e elas pensam em detalhes que nem passam pela minha cabeça”, conta. 

Apesar da satisfação em viajar somente com as amigas, Eller, às vezes, pensa em viajar sozinha e confessa que a violência a faz repensar.

“Eu não consigo deixar de lado o fato de eu ser uma mulher – o que é bem perigoso no Brasil e na América Latina (que são meus destinos preferidos e possíveis). Minhas amigas já me livraram de várias furadas, inclusive em situações de assédio. Nossa sociedade é patriarcal e machista. As mulheres são subjugadas, violadas e violentadas. Precisamos de políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero construídas por nós, fortalecendo a rede protetiva de mulheres”, conclui.

Sozinha ou acompanhada, o importante é viajar!

O resumo da história é que não há regras. Viajar sozinha ou acompanhada é maravilhoso de qualquer jeito. O importante, mesmo, é que todas as mulheres possam se sentir seguras e não tenham medo de ir e vir dentro ou fora do Brasil. Nós, enquanto sociedade, precisamos lutar por mais igualdade e segurança para essas questões que parecem simples, como viajar, não sejam tão diferentes para pessoas de gêneros diferentes. 

Neste 8 de março e em qualquer outro dia, o importante é que você, mulher, seja dona do seu caminho!
Fique ligado no blog que lançaremos mais capítulos dessas histórias. Até breve!

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2 thoughts on “Donas dos seus caminhos! Conheça três mulheres viajantes inspiradoras – parte 1

  1. Incrível experiência e compartilhar com outras mulheres, fortalece o desejo e a coragem de curtir viagens sozinhas ou até com amigas! Gosto muito dessa experiência!!

    1. É incrível mesmo, Adriana. E o que nós desejamos é que mais e mais mulheres façam isso, assim como você. 🧳🙆‍♀

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